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O mito vivo

Por cá, já ando a pensar neste dia que muitos esperam com uma mistura de sentimentos, o tal Dia dos Namorados. E porque tenho uma mente de gafanhoto e vivo no meio de uma cultura às vezes alheia, lembrei me também de uma coisa que sempre tem sido um mito para mim até chegar a São Miguel: o machismo.

Parece que os machistas estão longe de serem uma espécie em extinção.

Ainda existem no nosso meio uns primatas com atitudes e hábitos que pertencem a uma outra era. Por exemplo, estas criaturas acham normal chegarem ao pé de uma mulher desconhecida na rua e de rosnarem a sua "apreciação", ou até de declararem o seu interesse numa linguagem tão gráfica que uma estrangeira com pouco português pode chegar a pensar que se passa verdadeiramente muita fome neste país.

O princípio fundamental do machismo repousa sobre a suposta superioridade moral do homem em relação à mulher. Já presenciei ocorrências desconcertantes, com homens que tratam as suas mães, companheiras ou mulheres como empregadas, queixam-se das refeições que elas preparam em vez de agradecê-las e acham aceitável - e piada - largarem gases e arrotos à mesa. Fora de portas, são os mesmos que disparam bocas e desprezo sobre as mulheres em seu redor, quer no trabalho, quer na rua.

Mais do que as mulheres serem abertamente humilhadas, o que me faz confusão é a aceitação tácita destas atitudes. Quase que nem um piscar de olhos! Quem tenta raciocinar com estes homens acaba por ser ridicularizada e julgada esquisita. "Trato-te bem demais", disse um primata daqueles à mulher de quem supostamente gostava. Longe de concordar com ele, ela acabou o namoro.

Mas vindo o dia 14 de Fevereiro e por causa da pressão dos pares, até alguns primatas serão capazes de fazerem um esforço e de comportarem-se como homens sensatos e respeitáveis durante umas horas.

Claro que depois voltará tudo à mesma, porque para eles o dia era somente uma obrigação social.

Lá fora, quer nos EUA, quer no Canadá, o "Valentine's Day" é um conceito mais abrangente do que em Portugal. É uma ocasão de lembrar as pessoas chegadas o quão estimadas e amadas são, e até as crianças participam nas escolas. Para os mais timidos, é uma oportunidade de declarar a sua chama de forma anônima por escrito com um cartão, até mesmo de fazer rimas se a inspiração o permitir.

De ambos os lados do Atlântico, há também quem olhe para o Dia dos Namorados como pouco mais do que um negócio e lembra que não se estima, não se acarinha e não se ama só um dia por ano mas todos os dias. A prova viva disso é um luso-canadiano que adoptou o costume típico - embora não generalizado - da América do Norte de acabar cada comunicação com a sua mulher com as palavras "I love you".

Isso, sim, é amor: respeitoso, digno e consistente. Aliás, uma dose diária de atenção e coração nunca fez mal a ninguém.
(quazorean@gmail.com)

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